Last Dinner Party celebra 'boom' de músicas sáficas: 'As pessoas estão desesperadas por comunidade'
23/05/2025
(Foto: Reprodução) Abigail Morris e Georgia Davies, da banda britânica de indie rock, falam ao g1 sobre pressão por sucesso e 'dress code' em shows. Grupo toca no C6 Fest neste domingo (25). The Last Dinner Party
Divulgação
Visuais medievais, shows teatrais e um rock que dispensa a masculinidade de sempre. Essa é uma forma de descrever a banda inglesa The Last Dinner Party, que se apresenta no C6 Fest neste domingo (25), em São Paulo.
Abigail Morris, Georgia Davies, Emily Roberts, Aurora Nishevci e Lizzie Mayland compõem o grupo de indie rock, que já era "promessa" mesmo antes de lançar o primeiro disco, "Prelude to Ecstasy" (2024). O som, que mescla guitarras, harpas e flautas, conquistou tanto a crítica internacional quanto o público, com o auxílio de uma estética mística curada diretamente do Tumblr.
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Em entrevista ao g1, Abigail (vocalista) e Georgia (baixista) contaram que têm "altas expectativas" para encontrar os fãs brasileiros, de quem tanto ouviram falar. Para elas, o show é um novo marco de uma carreira que está só começando.
“Sinto que quando fomos aos Estados Unidos pela primeira vez, foi: ‘Nossa, isso é loucura. Como chegamos aqui?’. E o Brasil é ainda mais incrível por termos conseguido chegar tão longe”, diz Abigail.
"Nós recebemos os comentários 'Come to Brazil'. E eu acho isso maluco pra caralho".
Como lidar com a expectativa?
Há muito privilégio e muita pressão em ser o nome da vez da indústria. A banda já abriu shows para nomes de Rolling Stones a Olivia Rodrigo, levou dois Brit Awards e até o Sound of, prêmio concedido à "aposta" dos críticos britânicos.
O hype foi tanto que a banda logo foi chamada de "industry plant", termo pejorativo usado para descrever artistas que despontam devido a suas conexões com a indústria musical. A vocalista negou, várias vezes, e esse papo finalmente começou a desaparecer nos últimos meses.
A banda inglesa The Last Dinner Party
Divulgação/Universal
Até porque a banda vem se provando, e já se tornou um destaque em premiações no Reino Unido de 203 pra cá. Elas dizem que isso “poderia facilmente” deixá-las mais ansiosas, mas garantem que os prêmios não as pressionam.
“Acho que é mais sobre se sentir artisticamente realizado, alcançar pessoas, ter uma comunidade, viajar e crescer. É maravilhoso ser reconhecido por certas instituições como essa, mas não é algo em que pensamos quando estamos compondo música”.
Abigail e Georgia dizem que a banda ainda faz o que sempre soube fazer: um show etéreo e feral. “Sempre fomos confiantes e ambiciosas, e acho que com o tempo e a prática conseguimos expandir isso ainda mais. Cada vez que tocamos, nos sentimos mais confortáveis no palco e umas com as outras. Parece algo vivo”.
Pop e rock sáfico
Para um gênero dominado por homens héteros fazendo gestos sexuais com uma guitarra, o Last Dinner Party é o extremo oposto e se orgulha disso. O grupo é composto somente de integrantes queer (Lizzie é não-binárie) entre 20 e 30 anos, e se vê como um "espaço seguro" para os fãs - em sua maioria pessoas LGBTQ+.
A identidade da banda coincide com uma geração de artistas abertamente sáficas (mulheres que amam mulheres). Isso aparece em canções como “My Lady of Mercy”, que fala sobre desejar uma mulher. Abigail e Georgia celebram o “senso de pertencimento” que suas músicas causam, mas dizem que isso não é de caso pensado.
“É absolutamente importante [escrever sobre isso]. Mas não se trata de ficar sentada tipo, ‘Eu tenho que fazer, eu tenho que escrever sobre isso’. Acho que é só ser honesta e não tornar isso algo tabu e estranho, apenas fazer disso ser parte da conversa".
“Acho que é por isso que houve tanto ‘boom’ do pop sáfico, porque as pessoas estão desesperadas por algum tipo de comunidade e representação há tanto tempo. É tão bom ver que as artistas mais populares são mulheres que amam mulheres", diz Georgia, citando nomes como Chappell Roan e Boygenius.
Elas contam que sentem esse senso de comunidade também com seus fãs. “É muito emotivo, especialmente quando são jovens queer que vêm até nós e dizem como nós, como a música os afetou, e isso é realmente especial”.
"Algumas pessoas nos escrevem cartas e ouvimos histórias sobre como nossa música as tocou, e isso é realmente muito gratificante… é uma grande honra, porque isso não é algo que eu presumia. Eu não pensei ‘Ah, sim, essa música vai ajudar alguém que você conhece com esse problema específico’. Você não pode prever”, conta Abigail.
Dress code para shows
Além das letras, a banda tem outra coisa em comum com Chappell Roan: ficou tão conhecida por sua estética que passou a sugerir que os fãs também se vestissem da mesma forma, com orientações temáticas a cada show.
Antes das apresentações, o TLDP publicava, no Instagram, os "dress codes". Uma vez, elas convidaram o público a usar roupas meio The Runaways; outra, de roupas florais e "fantásticas", inspiradas pelos contos dos irmãos Grimm.
“Tínhamos nosso próprio código de vestimenta para cada apresentação, e isso fazia parte do ritual dos shows, em que pensávamos: ‘Ah, o que todo mundo está vestindo? Qual tema vamos apresentar?’ Sabe, que tipo de noite é essa? E então pareceu que seria uma ideia muito divertida orientar o público a fazer isso".
Elas descrevem esse código de vestimenta como um “incentivo à liberdade de autoexpressão e a sensação de estar em um lugar seguro para usar o que quiser e experimentar com seu visual”. Para Abigail, esses shows também ajudam “algo que está realmente faltando, principalmente desde a pandemia, é o senso de comunidade”.
"Estamos em uma época em que a internet nos une de muitas maneiras maravilhosas. Mas também tudo é um pouco mais homogeneizado, há menos grupos e culturas locais às quais você pode pertencer quando jovem, como era possível antigamente. Acho isso uma pena, porque acho adorável sentir que você faz parte de um pequeno grupo que é só seu".
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A banda não usa mais os códigos de vestimenta para os shows, mas dizem que segue sendo uma coisa "implícita".
“Em nossos shows, você meio que chega como a pessoa que você quer ser”, resume a vocalista.
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Programação do C6 Fest 2025
Onde: Parque Ibirapuera - Avenida Pedro Álvares Cabral, São Paulo
Ingressos: de R$ 224 a R$ 1.000
22 de maio (quinta-feira)
Auditório
20h – 21h20: Mulatu Astatke
21h40 – 22h40: Amaro Freitas Septeto
23h – 00h: Arooj Aftab
23 de maio (sexta-feira)
Auditório
20h – 21h: Kassa Overall
21h20 – 22h20: Brian Blade & The Fellowship Band
22h40 – 0h: Meshell Ndegeocello
24 de maio (sábado)
Arena Heineken
16h – 17h: Beach Weather
17h30 – 18h30: Stephen Sanchez
19h – 20h15: Pretenders
20h45 – 22h: Air toca “Moon Safari”
Tenda Metlife
14h – 14h50: Agnes Nunes
15h20 – 16h10: Peter Cat Recording Co.
17h10 – 18h10: Perfume Genius
19h – 20h15: A.G. Cook
19h30 – 20h45: Gossip
25 de maio (domingo)
Arena Heineken
16h –17h: SuperJazzClub
17h30 – 18h30: Cat Burns
19h – 20h: Seu Jorge e convidados no Baile à La Baiana
20h30 – 22h: Nile Rodgers & Chic
Tenda Metlife
14h10 – 15h: Thalin, Iloveyoulangelo, Cravinhos, Pirlo & VCR Slim apresentam Maria Esmeralda
15h30 – 16h30: English Teacher
17h – 18h: The Last Dinner Party
18h30 – 20h: Wilco